x
Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Mensagem de S.A.R. 1999

Para além das múltiplas crises que se perfilam no horizonte do mundo neste limiar do milénio, e nos emergem nas notícias, nas preocupações dos governantes e nas reflexões dos intelectuais, começo por assinalar que este ano de 1998 foi para o nosso país um marco decisivo, já que pela primeira vez se utilizou o instituto do referendo, para consultar directamente o povo português, sobre duas questões fundamentais.

Pela primeira vez, o voto elegia uma ideia e não uma pessoa, significava por isso uma opção e não uma procuração. Os resultados destes referendos deram bem a ideia de que a nação portuguesa está coesa e consistente, respondendo às questões fundamentais com a sua memória histórica, a referência dos seus valores e a determinação da sua personalidade.

Este forte sentimento e expressão do todo nacional, foi mais eloquente do que as campanhas em presença, e no meu entender corresponde ao movimento que há 358 anos se afirmou com veemência contra o domínio da coroa espanhola. Mil novecentos e noventa e oito foi também o ano em que Portugal apresentou ao Mundo uma Exposição tecnologicamente evoluída, superiormente organizada, e de inquestionável beleza.

Lamento unicamente que tanta qualidade não fosse acompanhada de uma ampla divulgação da História que fizemos, especialmente a comemoração dos 500 anos da chegada de Vasco da Gama à Índia, motivo de orgulho que a modernidade não pode fazer esquecer, sob pena de esquecermos o que nos caracteriza e diferencia.

Mas, se hoje celebramos a data a partir da qual retomámos o curso da História de Portugal, não podemos esquecer aqueles que se vêem privados dos direitos de optar e de agir. Recordar hoje Timor e a sua luta, é obrigação de todos os Portugueses, em coerência com o que a História nesse longínquo ano de 1640 lhes ensinou e legou. No que me cabe, e como é do conhecimento público, tenho procurado, sem alarde, contribuir para que seja encontrada a solução possível que sirva ou venha a servir a vontade e os interesses do povo de Timor, e continuarei disponível para defender os objectivos de Portugal e Timor, nesta nobre causa de todos nós.

Considerando as preocupações e alertas que inúmeras pessoas me fazem chegar, não posso deixar de aflorar, ainda que brevemente duas áreas que considero estarem a atravessar uma grave crise que não se iludir, porque directamente ligadas ao próprio conteúdo da independência, refiro-me à Justiça e à Agricultura.

Se outros sectores estratégicos da nossa vida pública atravessam uma fase particularmente sensível, recolhe a Justiça uma dimensão acrescida, porque o tempo e a eficácia são intrínsecos ao próprio conceito, e a crise na Justiça é de facto uma ruptura de cidadania e do exercício da soberania.

Também a situação do mundo rural a que sou particularmente sensível, preocupa seriamente os portugueses, pois sabemos que o problema crucial é o de modelo de desenvolvimento que tem provocado o desequilibro social, a concentração da população no litoral, e o consequente despovoamento do interior. Por sua vez, a política agrícola e florestal, e o caos urbanístico, têm contribuído para aquela concentração e também para a desertificação, ou seja degradação dos recursos naturais das regiões menos desfavorecidas.

Destruiu-se a imagem cultural das aldeias, vilas e cidades; destruíram-se solos dos mais férteis do País, por uma urbanização desordenada; abandonaram-se sistemas agrícolas equilibrados por se considerarem ultrapassados pelo progresso; criou-se o mito  do crescimento económico, através de acções sectoriais independentes e abusivas ou despropositadas, como panaceia do desenvolvimento global do País. É dever de todos os que nesta área actuam, de prestar urgente atenção à agricultura, porque no dia em que ela morrer de todo, é Portugal que morre com ela.

Quando exprimo preocupações e não escondo anseios, é porque aspiro por um Portugal melhor, em que a juventude sinta o entusiasmo do futuro em vez do pesadelo do dia de amanhã, em que o bem estar e a cultura sejam como o ar que se respira, e a terra que nos viu nascer seja o lugar das nossas aspirações, e a Pátria da nossa identidade.

Portugal integrado como está na União Europeia, o que não podemos deixar de considerar como útil e vantajoso, não pode aceitar que a sua presença nesse quadro de compromissos possa culminar na sua diluição como Estado independente e soberano.

Aos monárquicos hoje aqui uma vez mais reunidos, não quero deixar de lembrar que é necessário renovar o ardor das ideias perante as novas realidades, desmanchar o fogo fátuo das vaidades humanas que associam ao ideário monárquico dilantismo e futilidade, quando de facto é o regime humanista e civilizado por excelência!

Falta aos Portugueses que somos, um corpo institucional em verdadeira harmonia com a vivência tradicional.

Para que a Democracia se aperfeiçoe e se aprofunde, servindo não só a maioria, e a maioria eventual própria do sistema de alternância, mas na realidade servindo todos os grupos legítimos, todas as minorias, é urgente que a República Portuguesa se abra à Monarquia.

Todos sabemos que houve formas de Monarquia demasiado rígidas e absolutas. Todos sabemos como hoje a Monarquia é concretamente, em toda a parte do mundo, sinónimo de serviço ao bem comum, através  de um equilíbrio sábio e eficaz entre princípios, ideias, valores e aspirações que à primeira vista pareciam inconciliáveis. O próprio Parlamento, considerando e bem um dos esteios da democracia, é em Portugal exemplo duma representação marcadamente ideológica. Falta, e não sou o único a notá-lo, uma representação orgânica de valores Municipais, culturais e de interesses específicos de certas comunidades, assim como também a experiência e o saber de altos responsáveis relegados para reformas memorialistas, quando poderiam ser úteis ao país que serviram. Todos caberiam no conjunto orgânico de uma Segunda Câmara, que o regime monárquico sempre adopta, uma vez que é preocupação permanente da instituição monárquica, respeitar e auscultar em permanência o todo Nacional.

Sendo a monarquia o garante de uma democracia plena, como a Europa fielmente o retrata, e sendo Portugal um país que se orgulha de ter dotado os seus eleitores de um regime de liberdade de escolha verdadeiramente democrático, seria tornar possível aos portugueses a opção pela instauração da Monarquia. Tal opção é-lhe hoje vedada constitucionalmente, o que é de facto um absurdo que não me cansarei de denunciar.

Aos monárquicos cabe pois a missão, histórica essa também, de divulgar esta ideologia, certos de que se depararão com surpreendente receptividade a uma ideia que muitos, antes de lhes ser anunciada, nunca tinham considerado.

Tenho percorrido o país de lés a lés e sempre encontro nas autarquias e nos autarcas, um enorme respeito e profunda simpatia pelo que consideram que eu represento, independentemente da sua filiação partidária.

O movimento vive do impulso e do exemplo de todos os monárquicos e tem como destinatários todos os cidadãos de qualquer filiação partidária com suficiente abertura de espírito para afastar preconceitos e deformações que a paixão propagandista espalhou durante décadas.

Finalmente, quero reconhecer publicamente o mérito e consequente sucesso, que augura o denotado esforço com que Portugal tem procurado intervir no Processo de Paz de Angola e Guiné; no interesse sempre manifestado por Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe.

Em monarquia vigoram os princípios de coesão nacional, dentro dos propósitos de alargada representatividade. Os monárquicos exigem naturalmente, que a Instituição que represento seja o garante do Portugal de ontem, de hoje e de amanhã. Tal me obriga, a mim e à minha família, a estar disponíveis para que um dia, se democraticamente os Portugueses assim o entenderem como útil, possamos reponder à chamada, a bem de Portugal.

Dom Duarte de Bragança

Associados

Increva-se Aqui

 

INSCREVA-SE AQUI

INSCREVA-SE NA RAP

ORDEM DE PAGAMENTO

DESCARREGAR ORDEM DE PAGAMENTO