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Mensagem de S.A.R. 2003

Neste mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, finalmente elevado a Panteão Nacional, é para mim uma responsabilidade e uma honra falar junto ao túmulo do Rei Fundador da Nacionalidade e da Casa Real que represento.

Deste modo venho prestar uma homenagem à Capital da Cultura, esta tão bela e histórica cidade de Coimbra, verdadeira "alma mater" do saber nacional ao longo de tantos séculos.

Aqui e agora, é de justiça lembrar quantos, seguindo o exemplo de Dom Afonso Henriques, durante nove séculos, sacrificaram as suas vidas pela nossa liberdade e pela independência da nossa Pátria.

Entre eles distingue-se a figura notável de D. Nuno Álvares Pereira, cuja causa de canonização aberta em 1641 foi felizmente retomada este ano pelo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa.

Os ideais a que o Santo Condestável dedicou a sua vida são um oportuno exemplo para a nossa época.

Olhando para o panorama político que nos cerca, avulta neste momento a questão da nossa adesão à chamada Constituição Europeia que, a meu ver, não pode nem deve ser um "cheque em branco" passado aos "eurocratas"!

A verdade é que o texto que nos é proposto não traduz nem a natureza nem os limites da soberania que restará aos estados membros, que correm sério risco de dissolução.

Europa é um mosaico de Nações com culturas, histórias e identidades nacionais próprias, e a edificação da sua unidade não poderá fazer-se tentando apagar ou diluir esta realidade que constitui uma das suas maiores riquezas, se quer ser, como se afirma, um processo de enriquecimento europeu.

Se é certo que é urgente acelerar e tornar mais eficaz o processo de decisão é fundamental ter presente que a autêntica unidade não se poderá fazer por processos e medidas administrativas que ponham em causa estas relidades.

Este projecto deve ser mais conhecido e precisa de ser mais debatido pelos portugueses, para sobre ele se virem a pronunciar com conhecimento de causa e sentido de responsabilidade.

Portugal, embora sendo uma pequena parte desta grande Europa, deu importantes contributos ao longo da História para a sua projecção mundial, e muito tem ainda a dar no futuro.

Não se pode entender o que é a Europa sem o contributo do Cristianismo e sem a afirmação do valor da pessoa humana e dos seus direitos e deveres que informam o humanismo, traço essencial da nossa cultura comum.

Independentemente das nossas convicções religiosas, não podemos deixar de secundar os insistentes apelos de Sua Santidade o Papa João Paulo II para o reconhecimento da matriz cristã da cultura europeia no Tratado Constitucional Europeu.

Por outro lado ao exigirmos que seja respeitada a nossa identidade nacional, obrigamo-nos a sermos os primeiros a preservá-la e a cultivá-la, desde o património arquitectónico tão negligentemente abandonado até às nossas paisagens e ambiente naturais ou construídos pelas gerações que nos precederam.

Assume particular gravidade a desordem do nosso ordenamento territorial e o abandono a que vai sendo votado o mundo rural.

Além do mais estes valores são determinantes para o nosso desenvolvimento equilibrado, em particular para o turismo que tem servido para compensar uma economia prejudicada por deficientes níveis de formação profissional e baixo desenvolvimento tecnológico.

Para o fortalecimento da nossa própria identidade é indispensável o aprofundamento das relações com os países e povos de língua portuguesa, desde o Brasil a Timor, não esquecendo os que atravessam graves crises económicas.

Este relacionamento fraternal será uma das nossas grandes contribuições para o futuro da Europa...

Portugal, é opinião corrente, está a atravessar momentos de crise grave.

Os indicadores económicos revelam que nos distanciámos dos demais países da Europa Ocidental, em vez de nos aproximarmos.

Os escândalos que abalam a confiança nas nossas instituições públicas e nos seus representantes e os calamitosos incêndios que devastaram vastas áreas e vitimaram pessoas, revelaram deficiências na nossa capacidade de prevenir e enfrentar semelhantes flagelos.

O denodado esforço de tantos voluntários não foi suficiente para suprir as deficiências de organização e de meios, indispensáveis para enfrentar catástrofes como esta, em grande parte devidas ao modelo errado seguido no desenvolvimento do território.

Um vento de descrença e de desânimo parece varrer a nossa vida colectiva, agudizada pela tradicional propensão para a maledicência e para o auto-flagelamento...

Os portugueses precisam de confiar em si próprios e nas suas capacidades de realização e de afirmação. Os portugueses de hoje não são diferentes dos de sempre.

Basta ver o sucesso que os nossos emigrantes conseguem no estrangeiro para perceber a origem do problema.

A crise que atravessamos é sobretudo uma crise moral e de moral, e também uma crise de valores e auto-estima.

Está implantado um sistema que promove a facilidade em vez do esforço, da abdicação em vez do empenho.

Uma sociedade que considera os reformados como um peso na economia em vez de os honrar com a gratidão pelo trabalho prestado ao longo de uma vida inteira é uma sociedade doente.

Neste Primeiro de Dezembro, em que comemoramos a Restauração de Portugal, ocorrida em tempos de decadência e desalento, saibamos reconduzir o país sem medos nem complexos ao estatuto da sua dignidade e ao caminho do progresso e que devemos ao futuro.


Viva Portugal!

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